quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Os melhores de um ano caótico!

Sim, gente amiga, Saturno Pop também organizou uma lista dos melhores do ano. A diferença é que em tempos virtuais, resolvemos resumir as escolhas pra não encher o saco do leitor com aquelas listas intermináveis de discos e artistas que quase ninguém conhece.

Nesta seleção minimalista, os veteranos mais uma vez ganharam destaque entre as melhores coisas lançadas nesse ano problemático, caótico e crítico em nossas vidas. Vamos lá:

DISCO DO ANO: Wooden Shjips – V
Não parei de ouvir esses caras desde que lançaram seu quinto disco em maio passado. ‘V’ é psicodélico, mas não é retrô, tem um frescor crocante e saboroso, para se ouvir numa autoestrada em direção a Marte.



MÚSICA DO ANO: ‘Relax’ – Kassin
Alexandre Kassin é mais conhecido por seu trabalho como produtor dos discos dos Los Hermanos, mas o cara compõe e também grava material próprio. A faixa ‘Relax’ dá título ao seu novo disco e a um clipe engraçadíssimo. Veja aqui:



SHOW DO ANO: Nick Cave & The Bad Seeds – Espaço das Américas
Não tem pra ninguém, o show de Nick Cave no Espaço das Américas em São Paulo foi algo perto do sublime. Uma missa comandada por um anjo caído, tomado por amor, luto e redenção. Sensacional!



REVIVAL DO ANO : MC50th
Wayne Kramer, o único sobrevivente da formação original do grupo proto-punk MC5, de Detroit, juntou-se a músicos do Soundgarden, Fugazi e King X para uma turnê celebrando os 50 anos do lançamento do primeiro disco da banda, o maravilhoso ‘Kick Out The Jams’. Veja que belezura:



DISCO COVER DO ANO: ‘Fudge Sandwich’ – Ty Segall
Ty Segall é tão bom que até um disco de covers fica bom em suas mãos. Destaque para a versão funk garageira de ‘I’m a Man’ do Spencer Davis Group, o clima fantasmagórico de ‘Isolation’ (John Lennon), e a subversão punk rock de ‘The Loner’ (Neil Young). Ouçam aqui: 



É isso! Feliz Natal e próspero Ano Novo!!


quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Da Boca do Lixo para o mundo



Este mês comemoram-se os 50 anos de um dos melhores e mais anárquicos filmes nacionais de todos os tempos. Estou falando de 'O Bandido da Luz Vermelha', dirigido por Rogério Sganzerla no auge de seus 22 aninhos.

Muito já se falou sobre esse filme, mas o fato é que ele tinha tudo pra ser um fracasso retumbante.  Maluco, desrespeitoso, radical, pop e visceralmente terceiro mundista, o longa inspirado na vida do criminoso João Acácio Pereira da Costa foi o que os especialistas chamariam de um inesperado 'case de sucesso'.

Filmado na região da Boca do Lixo em São Paulo, terreno fértil para a pornochachada anos depois, a 'fita' de Sganzerla levou milhares de brasileiros ao cinema, contrariando a lógica de que película de autor era prejuízo na certa em nosso país. Vide as obras consagradas porém pouco lucrativas da turma do Cinema Novo.

Paulo Villaça encarnando o Bandido nas telas nacionais 
Vaca Sagrada 
Aliás, o sucesso de Sganzerla irritou ninguém menos do que Glauber Rocha, vaca sagrada das igrejas cinemanovistas. Glauber esculachou o jovem cineasta, dizendo que sua obra-prima era pastiche do cinema underground novaiorquino, e chamou aquele novo movimento tupiniquim de 'cinema udigrudi'. Inveja, claro!

Entrevistei Sganzerla em 1996 pra falar sobre João Acácio, o verdadeiro Luz Vermelha que havia deixado a cadeia depois de 30 anos. Por telefone, meu herói/cineasta se comunicava de um jeito meio estranho no quarto de um hotel em Gramado, onde concorria a algum prêmio.

Comparei seu filme a 'Pulp Fiction' de Tarantino, a sensação cinematográfica naqueles anos e Sganzerla não achou muita graça. Começou um discurso mezo sócio-artístico-anárquico que me lembrou ninguém menos do que o próprio Glauber Rocha, seu ídolo e nêmesis. 

Rogério Sganzerla: diretor e roteirista do filme que lhe deu fama e glória 
Reconhecimento
João Acácio foi logo depois assassinado em sua terra natal, Joinville. Rogério Sganzerla,  que era catarinense, morreu de câncer em 2004, sentindo-se injustiçado e lembrado sempre como o diretor de uma obra só. O que não é verdade, já que dirigiu outros longas que, infelizmente, não chegaram ao reconhecimento de sua estréia.

O longa ganhou uma versão dirigida pela atriz e viúva de Sganzerla, Helena Ignez, em 2010, chamada  'Luz das Trevas', mas nem me atrevi a ver. Clássico é cllássico, pô!

Conheci 'O Bandido da Luz Vermelha' graças ao disco 'Psicoacústica' do Ira! que era assumidamente influenciado pelo filme e trazia trechos de áudios da película. Nunca mais fui o mesmo e meu amor pelo cinema brasileiro começou ali, aos trancos e barrancos.  Vida longa ao 'Bandido da Luz vermelha' e a Rogério Sganzerla!!!






Tamo aqui!

Os melhores de um ano caótico!

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Saturno Pop is Alive