quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

O poder da sofrência


Que Anitta que nada! O maior fenômeno da música dita popular brasileira é uma gorducha de 24 anos nascida no Centro-Oeste. Direto de Cristianópolis, Goiás, Marilia Mendonça comprova que o que o brasileiro gosta mesmo é de uma boa canção de dor de cotovelo.

Faça as contas. Desde que Chitãozinho e Xororó gravaram ‘Fio de Cabelo’ em 1982, nunca mais a música sertaneja abandonou as paradas de sucesso no País. Desde então, o estilo deixou definitivamente o gueto em direção ao topo da cadeia alimentar da indústria fonográfica.

É um dos poucos gêneros que se renova quase que anualmente, atropelando modas, conceitos, críticas e crises inerentes ao nosso País. Por gerações, essa turma alimenta uma indústria gigantesca que deixa o rock, a MPB, o samba e o funk ostentação no chinelo.


Sem discursos
Agora, com Marilia e duplas como Maiara e Maraisa à frente, as mulheres ganham um novo papel numa cena até então dominada por machos de bota e chapéu. O feminejo mostra um outro lado do tal ‘empoderamento’.

Sem discursos sociológicos, bandeiras ou lacres, a sofrência feminina derruba preconceitos e estereótipos ao seu modo. Marilia está longe dos padrões de beleza de uma Barbie como Paula Fernandes, mas está pouco se lixando e, além de soltar a voz sem medo, é uma compositora de sucesso.

Politicamente correto
É incrível como a turma do politicamente correto esquece do sertanejo em seus discursos em defesa do gosto popular. O funk, por exemplo, é muitas vezes mais sexista e misógino que qualquer outro estilo, mas por ser música ‘da comunidade’, seus excessos são mais que legítimados.

Goste-se ou não, o sertanejo comercial é a trilha sonora do Brasil brasileiro. Tratá-lo como ‘modinha’ passageira é um erro tremendo. Está mais para um ‘modão’ mesmo, sem prazo de validade.

E feliz 2018 a todos!!!


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