quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A ressurreição de Liam Gallagher



Liam Gallagher está de volta. E dessa vez com uma notícia inesperada: o cara lançou um disco realmente bom. Lá na Inglaterra, não se fala em outra coisa.

Enquanto nesse lado do Atlântico, se discute o fim do rock, das guitarras, das casas de som autoral e do Pânico na TV, o quarentão de Manchester surfa na crista da onda (para usar um termo velhusco).

‘As You Were’, sua estreia solo depois de deixar o Oasis e o natimorto Beady Eyes, já é aclamado como um dos discos do ano. Além de encabeçar as paradas de sucesso na terra da rainha desde que foi lançado, a versão em vinil foi a mais vendida no Reino Unido nos últimos 20 anos.

O que o álbum tem de tão especial? Longe de ser revolucionário, ele é o que poderíamos chamar de honesto. Ao contrário de bandas como Arcade Fire e Queens of Stone Age, que foram em busca de produtores hypados e efeitos eletrônicos para ‘modernizar’ seu som, Liam fez um disco sem firulas.

O sujeito é revisionista, não tem jeito. Desde a época do Oasis, ele e o irmão Noel não fizeram outra coisa a não ser emular bandas clássicas como Beatles e Kinks, além de contemporâneos como Stone Roses e Teenage Fanclub com talento e cara de pau.



Boca suja
A surpresa é que, pela primeira vez, Liam não fica à sombra do irmão mais velho e comprova que debaixo de toda aquela arrogância e boçalidade, existe um compositor de fibra. E, acreditem, está cantando melhor do que nunca.

Claro que, marqueteiro do jeito que é, o inglês boca suja aproveitou as entrevistas de divulgação do disco para detonar medalhões como Pearl Jam e Queen. Se estivesse mais uma vez na sarjeta ou se recuperando de algum vício ou casamento desfeito, ninguém daria a mínima.

Porém, Liam ressurge com uma obra surpreendente que agradou novas e velhas gerações. Não é por acaso que periódicos ‘tiozões’ como o New Musical Express (NME) grudaram no sujeito feito carrapatos.

A mais recente empreitada foi uma edição especial do NME, versão Gold, que colocou o músico como seu editor e na qual ele fala sobre sua vida e sobre os artistas que o influenciaram.

O fato é que, mesmo cambaleante, o rock mais uma vez é destaque na Inglaterra. O que comprova que, assim como o samba de Nelson Sargento, ele agoniza, mas não morre. E que nessa vida, tudo é ciclico. 


Para os fãs brasileiros, vale lembrar que Liam é uma das atrações do Lollapallooza 2018. Fiquem ligados...


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O show mais doido do White Stripes


Uma das bandas mais representativas do rock dos anos 2000 foi o White Stripes. Formado em 1997 em Detroit por Jack White e sua ex-esposa Meg White, a dupla forjou um rock simples e garageiro, baseado no blues e no folk. O grupo acabou em 2011, Meg desapareceu dos holofotes e Jack produz a todo vapor em Nashville, no Tennessee.

Os norte-americanos passaram pela América do Sul duas ou três vezes, mas em uma dessas turnês realizaram aquele que é considerado o show mais surreal de suas carreiras. O ano era 2005, o país era Argentina, a cidade Puerto Iguazu e o local, um clube minúsculo no meio do nada chamado La Reserva.

Quem viu, diz que foi um das apresentações mais doidas que já testemunharam. Imagine uma banda internacional no auge da carreira que decide se apresentar numa currutela na Tríplice Fronteira - entre Brasil, Argentina e Paraguai - para algumas centenas de fãs a preços populares?


Sortudos
Pois dois desses sortudos que estiveram em La Reserva na noite de 26 de maio, foram os jornalistas paranaenses Luis Fernando Wittemburg e Fabio Galiotto, com quem tive o prazer de trabalhar em São Sebastião do Ribeirão Preto.

Essa história nunca saiu da minha cabeça e pedi para que Luis Fernando contasse para o blog. Pois bem:

“Nós morávamos em Foz do Iguaçu, mas gostávamos mesmo era do Paraguai e Argentina. Mas a gente não ia pras baladas, bebíamos nos bares das ruas de Puerto Iguazu. Um dia, um dos nossos amigos da Globo nos avisou que ia ter show do White Stripes no La Reserva. Ficamos abismados, porque não era o estilo do lugar”, lembra Luis.

O jornalista conta que o La Reserva era uma casa de música ‘disco’,  feita de madeira, com um apelo meio rústico, onde ele e os amigos iam sempre tomar ‘umas e comprar queijo e azeitona’. “Aproveitamos e garantimos o ingresso: trintão”, diz.


Turnê
O show fazia parte de uma turnê do duo pela América do Sul. O diferencial é que, além de capitais como Buenos Aires e São Paulo, Jack e Meg decidiram se apresentar em locais inóspitos para registrar num DVD que iriam lançar.

O palco, ou seja lá o que era aquilo, foi montado na parte de fora do clube. Por causa do frio, colocaram de forma improvisada, lonas de caminhão em volta para proteger banda e público. Luis acredita que não havia mais do que 500 pessoas no local.

“O lugar era aberto. Lá é um calor do cão, mas, no frio, era um frio do cão. E foi no fim de maio, então, fez um frio do caralho. A gente entrou, tinha muito espaço vazio. Ficamos bem perto do palco, não só porque tinha pouca gente, mas também porque não tinha muito espaço pra ficar longe”, diverte-se Luis.

O jornalista lembra que ele ficou tão próximo do palco, a poucos metros de Jack e Meg, que o som alto chegava a incomodar.

“Cara, eu achei ótimo. O Jack tem muita energia e empatia e a Meg parecia uma autista (ahahah). Mas é o estilo dela, né?”, comenta Luis.  



Saudades
Luis, que hoje vive em Londrina, lembra com carinho o tempo em que morou em Foz do Iguaçu.“Era divertido viver lá. Entre todas as esquisitices que a Tríplice Fronteira oferece, teve o show do White Stripes e um do Café Tacuba também, no Paraguai”, recorda, referindo-se a excelente banda mexicana.

“Gastamos R$ 120 para ir de busão, comer, beber, comprar os ingressos e voltar. Ah, e ainda dormimos num hotel no centro de Assunção”, diz.

Bom, essa história, a gente conta num outro dia. Valeu, Luis!!!!!!








sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Bendito Macalé!




O carioca Jards Macalé - Macau para os íntimos - se apresenta neste sábado em São Sebastião do Ribeirão Preto no Armazém Baixada. Meus sinceros parabéns aos envolvidos. Jards é um dos grandes nomes da nossa dita MPB que nunca teve o devido reconhecimento do público. 

Não que ele fizesse muita questão de ser popular. Seu samba torto, insano e poeticamente explosivo passa longe de modas e ‘cultos’ que transformaram a música brasileira num celeiro de espertalhões e capitanias hereditárias. Por anos, foi considerado maldito pela imprensa e gravadoras, mas Macau é, na verdade, uma benção para esse país. 

A seguir, cinco bons motivos para que você, leitor, não perca esse show:

1 – ‘Jards Macalé apresenta a Linha da Morbeza Romântica em Aprender a Nadar’ é o meu disco preferido dele. Comprei o LP ainda nos anos 1980, quando eu era um adolescente que se lixava para a MPB.  Mas o disco é tão maluco e bonito que me pegou de jeito. Ouça inteiro!



2 – ‘Farinha do Desprezo’ é a música que mais gosto de Jards. Um samba/jazz/rock com uma letra absurda e meio autobiográfica. Rebelde entre os rebeldes, o músico comeu muito da farinha do desprezo. Mas com muito estilo, claro!



3 – Nos anos 1980, Jards estava numa ‘bad’ tão grande que chegou a pensar em se matar. João Gilberto o tirou da depressão e, em seguida, nosso herói soltou um dos melhores discos de ‘covers’ da música nacional. ‘Quatro Batutas & Um Coringa’ só tem pérolas do samba de raiz. Uma das faixas que mais gosto é ‘Acertei no Milhar’, que ficou famosa na voz de Moreira da Silva, ídolo supremo de Jards.



4 – ‘Vapor Barato’, escrita por Jards e pelo amigo/poeta Wally Salomão, é a música mais famosa do carioca. A versão de Gal Costa ainda é imbatível. Confiram na voz da baiana!



5 – Claro que a gente não pode esquecer da clássica ‘Gotham City’, escrita por Jards e Capinam. Essa versão ao vivo de 2009 em que Jards usa uma máscara do Batman, é sensacional!



Tamo aqui!

Os melhores de um ano caótico!

Sim, gente amiga, Saturno Pop também organizou uma lista dos melhores do ano. A diferença é que em tempos virtuais, resolvemos resumir as es...

Saturno Pop is Alive