Liam Gallagher está de volta.
E dessa vez com uma notícia inesperada: o cara lançou um disco realmente bom. Lá na
Inglaterra, não se fala em outra coisa.
Enquanto nesse lado do
Atlântico, se discute o fim do rock, das guitarras, das casas de som autoral e
do Pânico na TV, o quarentão de Manchester surfa na crista da onda (para usar
um termo velhusco).
‘As You Were’, sua estreia
solo depois de deixar o Oasis e o natimorto Beady Eyes, já é aclamado como um
dos discos do ano. Além de encabeçar as paradas de sucesso na terra da rainha desde que
foi lançado, a versão em vinil foi a mais vendida no Reino Unido nos últimos 20
anos.
O que o álbum tem de tão
especial? Longe de ser revolucionário, ele é o que poderíamos chamar de
honesto. Ao contrário de bandas como Arcade Fire e Queens of Stone Age, que
foram em busca de produtores hypados e efeitos eletrônicos para ‘modernizar’
seu som, Liam fez um disco sem firulas.
O sujeito é revisionista,
não tem jeito. Desde a época do Oasis, ele e o irmão Noel não fizeram outra
coisa a não ser emular bandas clássicas como Beatles e Kinks, além de contemporâneos
como Stone Roses e Teenage Fanclub com talento e cara de pau.
Boca suja
A surpresa é que, pela
primeira vez, Liam não fica à sombra do irmão mais velho e comprova que debaixo
de toda aquela arrogância e boçalidade, existe um compositor de fibra. E,
acreditem, está cantando melhor do que nunca.
Claro que, marqueteiro do
jeito que é, o inglês boca suja aproveitou as entrevistas de divulgação do
disco para detonar medalhões como Pearl Jam e Queen. Se estivesse mais uma vez
na sarjeta ou se recuperando de algum vício ou casamento desfeito, ninguém
daria a mínima.
Porém, Liam ressurge com uma
obra surpreendente que agradou novas e velhas gerações. Não é por acaso que
periódicos ‘tiozões’ como o New Musical Express (NME) grudaram no sujeito feito
carrapatos.
A mais recente empreitada
foi uma edição especial do NME, versão Gold, que colocou o músico como seu
editor e na qual ele fala sobre sua vida e sobre os artistas que o influenciaram.
O fato é que, mesmo cambaleante,
o rock mais uma vez é destaque na Inglaterra. O que comprova que, assim
como o samba de Nelson Sargento, ele agoniza, mas não morre. E que nessa vida, tudo é ciclico.
Para os fãs brasileiros, vale lembrar que Liam é uma das atrações do Lollapallooza 2018. Fiquem ligados...