quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Charles Manson, o psicopata pop


O que assusta mais? Saber que uma criatura como Charles Manson existiu ou descobrir que o sujeito ainda tinha admiradores mais de quatro décadas após seus crimes?

No dia em que Manson finalmente morreu, Daron Malakian, guitarrista da banda System of a Down, apareceu nas redes sociais defendendo seu ídolo, vestindo uma camiseta com o rosto do maluco estampada.

Levou chumbo e seu pedido de desculpas foi ainda mais tenebroso. “Pessoas talentosas às vezes fazem coisas ruins”, escreveu. Bom, sair por ai comandando assassinatos de gente inocente não é lá algo fácil de se perdoar.

Ódio
No caso de Manson, não há desculpas. Sua persona artística é discutivel e sua existência era baseada no caos, no ódio e no desejo de matar. Mas por uma série de questões, ele se tornou o psicopata mais famoso do mundo.

Desde os assassinatos da atriz Sharon Tate e do casal La Bianca em 1969, até sua morte, aos 83 anos, o cara virou referência para gerações de idiotas e até mesmo de rockstars como Axl Rose, que gravou música dele, Marylin Manson, por motivos óbvios, e Malakian.

Artista frustrado, despejou seu ódio a todos da indústria que lhe deram as costas comandando crimes hediondos. Aproveitou-se da onda hippie para atrair jovens desmiolados e criar uma seita: a Família Manson.


Polanski
Chamou a atenção até de Dennis Wilson, baterista dos Beach Boys, que quase caiu na lábia do sádico. Fã de Beatles e Beach Boys, escreveu uma série de músicas ruins que, décadas depois, foram ‘redescobertas’ pelas novas gerações.

Em sua autobiografia, o diretor Roman Polanski, viúvo de Sharon Tate, lembra que a época as investigações, ficou surpreso quando soube que os autores do crime eram aqueles ‘hippies’ que estavam acampados a poucos metros de sua casa.

O maior castigo para um sujeito como Manson seria seu total esquecimento. Mas isso nunca aconteceu. Filmes, livros, documentários e músicas de sua autoria foram lançados nos anos seguintes.Tornou-se uma celebridade da pior maneira.

Seitas
Além disso, seitas comandadas por assassinos e suicidas se alastraram pelos EUA e seu legado ainda nos assombra.

Os ‘natural born killers’ nunca vão deixar de existir, mas reverenciá-los é o tipo da coisa que demonstra que esse mundo está (ou sempre esteve) do avesso!!!   

Obs: Enquanto escrevo isso aqui, Quentin Tarantino dá início a produção de um filme que terá os assassinatos da família Manson como pano de fundo. Deus nos acude!!!


sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O Brasil de João


Entre tantas noticias ruins desse Brasil varonil, a mais recente envolve um dos grandes nomes da música mundial. João Gilberto, aos 86 anos, está tão enrolado em dívidas e problemas de saúde que seus filhos mais velhos resolveram interditá-lo na Justiça.

Devendo milhões a um banco e sem condições psicológicas de tomar decisões, João, o herói/inventor da bossa nova, parece não pertencer mais a esse planeta.

João é de uma geração de ouro que colocou o Brasil nos trilhos da modernidade. Longe de exotismos e brejeirices, o baiano levou a música brasileira para um patamar único, universal e, ao mesmo tempo, muito particular.

Invenção
Costumo dizer que a bossa nova, mais do que um gênero, foi uma forma que João inventou de cantar e tocar samba. Nada se compara ao que ele fez. O sujeito mudou tudo de uma forma tão doce e minimalista que assusta pela sofisticação.

Intérprete de voz pequena e mãos precisas, o músico utilizou seus limites para criar uma constelação sonora. Entender sua música é compreender também que ‘less is more’, como certa vez disse Miles Davis.

O mundo de João não existe mais. Seus (poucos) amigos e contemporâneos já partiram e o Brasil de hoje parece não entender o seu legado.


Solidão
Excêntrico, beirando a maluquice, o baiano nunca foi um exemplo de simpatia e boas maneiras nos palcos. E sua incompatibilidade com a vida ordinária resultou em solidão e caos financeiro.

Nestes tempos sombrios e medíocres, chega a ser sintomático ver um ícone como ele sendo retratado como um velho moribundo.

O Brasil de ‘Chega de Saudade’ era o país do futuro, com JK, Niemeyer, João, Tom Jobim e Vinicius à frente. Passados quase 60 anos, confirmou ser a nação que vive um eterno romance de desilusão, como bem lembrou o escritor Milton Hatoum. E bem feito pra nós!


sexta-feira, 10 de novembro de 2017

'Sem futuro', punk rock chega aos 40


O punk rock foi programado pra durar pouco. Pregando a filosofia niilista do ‘no future for you’, verso clássico da banda inglesa Sex Pistols, tinha tudo pra desaparecer da face da Terra em tempo recorde. Mas chega surpreendentemente aos 40 anos de vida.

Claro que bem antes dos Sex Pistols lançarem ‘Never Mind the Bollocks’, em 1977, muita gente já tinha feito aquele tipo de som. MC5, Stooges, New York Dolls, Death e, principalmente, os Ramones, foram pioneiros naquela sonoridade suja, rápida e rasteira que os ingleses souberam tão bem reciclar.

O diferencial é que os Sex Pistols tinha toda uma estética por trás, comandada de forma maquiavélica por um sujeito chamado Malcolm Mclaren, dono de uma loja de roupas em Londres chamada SEX.

Malcolm e sua então esposa, a estilista Vivianne Westwood, compôs com riqueza de detalhes o guarda roupa ideal de uma banda local que atendia pelo nome de The Strand. Mas que, logo em seguida, mudaria para Sex Pistols.

Drag queens
É claro que o empresário não inventou a estética punk do nada. Pouco antes, esteve nos EUA onde conheceu os New York Dolls, uma versão drag queen de Rolling Stones, mais barulhenta e selvagem.

Malcolm sacou que aquilo era o futuro. Voltou para Londres cheio de ideias e trambicagens. O punk precisava ser mau, porém embrulhado de forma correta num pacote pronto para ser consumido.  

Um golpe de mestre, enfim, que resultou numa obra prima da fuleiragem. ‘Never Mind the Bollocks’ foi uma bomba de efeito rápido que virou o rock de ponta-cabeça.

Para se ter uma ideia do efeito daquelas músicas na cabeça dos britânicos, assista ao filme ’24 Hour Party People - A Festa Nunca Acaba’, espécie de biografia de Tony Wilson, dono da lendária gravadora Factory.



Gatos pingados
Uma das cenas iniciais mostra um show dos Sex Pistols na cidade de Manchester. Na plateia, vinte gatos pingados que depois daquilo, resolveram montar uma banda. No caso de Tony Wilson, montou um selo que lançou grupos como Joy Division, New Order e Happy Mondays.

O Sex Pistols acabou logo depois por problemas de dinheiro, drogas e brigas na justiça. Deixaram  para a posteridade um dos filmes mais cara de pau da história da música: ‘The Great Rock’n’roll Swindle’. Ou seja, ‘A Grande Farsa do Rock’. Precisa dizer mais?


Tamo aqui!

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