Que Anitta que nada! O maior fenômeno da música dita
popular brasileira é uma gorducha de 24 anos nascida no Centro-Oeste. Direto de Cristianópolis, Goiás, Marilia Mendonça comprova que o
que o brasileiro gosta mesmo é de uma boa canção de dor de cotovelo.
Faça as contas. Desde que Chitãozinho e Xororó gravaram ‘Fio
de Cabelo’ em 1982, nunca mais a música sertaneja abandonou as paradas de
sucesso no País. Desde então, o estilo deixou definitivamente o gueto em
direção ao topo da cadeia alimentar da indústria fonográfica.
É um dos poucos gêneros que se renova quase que
anualmente, atropelando modas, conceitos, críticas e crises inerentes ao nosso
País. Por gerações, essa turma alimenta uma indústria gigantesca que deixa o
rock, a MPB, o samba e o funk ostentação no chinelo.
Sem discursos
Agora, com Marilia e duplas como Maiara e Maraisa à
frente, as mulheres ganham um novo papel numa cena até então dominada por
machos de bota e chapéu. O feminejo mostra um outro lado do tal ‘empoderamento’.
Sem discursos sociológicos, bandeiras ou lacres, a
sofrência feminina derruba preconceitos e estereótipos ao seu modo. Marilia
está longe dos padrões de beleza de uma Barbie como Paula Fernandes, mas está
pouco se lixando e, além de soltar a voz sem medo, é uma compositora de
sucesso.
Politicamente correto
É incrível como a turma do politicamente correto esquece
do sertanejo em seus discursos em defesa do gosto popular. O funk, por exemplo,
é muitas vezes mais sexista e misógino que qualquer outro estilo, mas por ser
música ‘da comunidade’, seus excessos são mais que legítimados.
Goste-se ou não, o sertanejo comercial é a trilha sonora
do Brasil brasileiro. Tratá-lo como ‘modinha’ passageira é um erro tremendo. Está
mais para um ‘modão’ mesmo, sem prazo de validade.
E feliz 2018 a todos!!!