sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Deixem o Álbum Branco em paz!!!





Fiquei sabendo que o ‘Álbum Branco’ dos Beatles vai ser relançado com uma nova mixagem no mês que vem em comemoração aos 50 anos do disco. O trabalho vem sendo feito por Giles Martin, filho de George Martin, produtor e arranjador do grupo que era considerado o quinto beatle.

Sinceramente, como fã, não me empolguei com a notícia. Sinto cheiro de 'limpeza' no ar. O ‘White Album’ tem uma textura ‘roots’, crua e indisciplinada que pode se perder com essa tal ‘remixagem’ obviamente caça niqueis. O fato é que o disco destoava da produção um tanto pomposa de George Martin naqueles anos. Tanto que o produtor não gostou do resultado. Mas e daí?

Em cada canção do disco, estão presentes as cicatrizes da maior crise já enfrentada pelos Beatles desde a morte do empresário Brian Epstein. Era o começo do fim. Desde que John Lennon decidira acordar do limbo (leia-se depressão) e retomar as rédeas da banda das mãos de Paul McCartney, o clima só piorou. De quebra, Lennon ainda trouxe Yoko Ono a tiracolo.

Apesar da assinatura Lennon/McCartney ter se mantido, todas as composições foram feitas separadamente. E foi assim até o término da banda, dois anos depois.


 Ringo debandou
A coisa estava tão ruim que Ringo deixou o grupo no meio das gravações. Diz a lenda que McCartney, multi-instrumentista, assumiu as baquetas em algumas canções como ‘Dear Prudence’. Claro que não foi creditado. Ringo só voltaria depois de muita insistência e uma verdadeira festa de recepção com flores e pedidos de desculpas no estúdio.

Para diminuir a hostilidade entre os quatro, George Harrison teve a brilhante ideia de levar um amigo nas gravações, Eric Clapton. Funcionou durante um breve momento já que, pelo menos enquanto Clapton estava por ali, todo mundo se tratava cordialmente. Gostaram tanto dele, que o guitarrista gravou os solos de ‘While My Guitar Gently Weeps’.

Irregular para alguns, genial para outros, o álbum ainda é um clássico cheio de arestas, tensões e mal estar. Talvez ai resida seu charme: a arte que surge do caos.  E assim que deve ser lembrado, por isso, deixem-no em paz!!!





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