sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Júpiter e eu


Até a primeira metade dos anos 1990, a psicodelia made in Brasil estava fadada ao esquecimento. O último disco realmente relevante do gênero havia sido lançado pela banda Violeta de Outono em 1987.

Foi preciso que um sujeito lá de Porto Alegre criasse uma persona artística para trazer o estilo de volta para o cenário nacional. Flávio Basso, mais conhecido por seus trabalhos em grupos de rock adolescente como TNT e Cascaveletes, renascia como Júpiter Maçã.

Já no álbum de estréia, ‘A Sétima Efervescência’, Júpiter nos deixou de quatro com aquela mistura de Syd Barret, Roberto Carlos, Beatles e Mutantes. Uma obra-prima que completa 20 anos de existência.

Desde então a psicodelia foi redescoberta no Brasil. Eu mesmo fiquei literalmente acachapado com as músicas do disco. No final dos anos 1990, me sentia completamente perdido artisticamente e aquilo tornou-se uma referência pra mim.
  
Norte
‘A Sétima Efervescência’ foi um norte para meu projeto seguinte, a banda Motormama. Até hoje, ouvintes nos comparam com o rock gaúcho dos anos 2000. A resposta, claro, é a influência jupiteriana.

Conheci meu ídolo há uns 15 anos, quando a banda foi se apresentar pela primeira vez em Goiânia, numa festa pré-Bananada, um dos maiores festivais do Centro-Oeste.

Flavio, que na época sonhava com o mercado internacional e assinava Júpiter Apple, parecia um dândi flanando pelas ruas quentes de Goiânia. Abaixo, uma foto feita num boteco em Goiania, com Jupiter e sua banda, integrantes da Motormama e os organizadores do Festival Bananada, entre eles Fabricio Nobre e Léo Razuk. 



Poliglota
Para minha felicidade, ele assistiu ao nosso show e gostou muito. Nos disse: ‘Congratulations’, com sua mistura habitual de inglês, francês e ‘gauchês’. Nunca mais o vi. Vários discos depois, drogas, loucura, um DVD ao vivo e entristecido com os rumos de sua carreira, Flávio morreu sozinho em seu apartamento em PoA aos 47 anos.

Em sua homenagem, compus ‘Se o Mundo Desmoronar (Nunca Perca a Cabeça)’, música que encerra o disco recente do Motormama: ‘Fogos de Artifício’.

Se você, meu amigo, é um grande fã da neopsicodelia tropical de bandas como o Boogarins, que aliás se apresenta nesse sábado no Sesc de Ribeirão Preto (SP), agradeça a um sujeito chamado Flávio Basso, a.k.a, Júpiter Maçã. 



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