quinta-feira, 22 de junho de 2017

Robertão já foi uma brasa, mora!





São Sebastião do Ribeirão Preto (SP) recebe mais uma vez neste final de semana, o rei Roberto Carlos em dois shows a preços exorbitantes no RibeirãoShopping. Para quem acompanha a trajetória de mais de meio século do cantor e compositor, nada de surpreendente. Desde que decidiu se tornar o Julio Iglesias do Hemisfério Sul, Robertão segue a linha romântica saudosista que encanta aposentados e cardiopatas em geral.

Mas o que muita gente da nova geração não sabe é que Roberto já foi um cara que surfou na crista da onda (para usar um termo velhusco). Nos anos 1960 não tinha pra ninguém. O sujeito inventou a Jovem Guarda e foi seu maior representante. Ganhou rios de dinheiro e ajudou a estabelecer o mercado pop no Brasil. Mas ele também foi o seu maior carrasco, já que bastou Roberto pular fora do barco para o estilo degringolar de vez.


Roberto em momento reflexivo no filme 'Em Ritmo de Aventura'

Pérola
Antes, deixou uma pérola que marca o ápice e também o ocaso da Jovem Guarda. 'Roberto Carlos em Ritmo de Aventura', que completa 50 anos, foi lançado como trilha sonora da filme homônimo dirigido por Roberto Farias (irmão de Reginaldo que, aliás, participa do longa) e é uma maravilha do começo ao fim. É o creme-de-la-creme da inocência jovem-guardista, mas de caráter tropical e já de olho no pop psicodélico que chegaria ao Brasil aos trancos e barrancos.

É bom lembrar que naquele ano de 1967, os Beatles lançaram 'Sgt. Peppers' e já tinham no currículo os álbuns 'Rubber Soul' (1965) e 'Revolver' (1966). A turma da Jovem Guarda estava mais ligada neste tipo de 'estrangeirismos' do que propriamente os representantes da MPB, que saiam as ruas para protestar contra a guitarra elétrica. Não foi por acaso que os baianos Caetano e Gil buscaram em Roberto e cia. inspiração para o Tropicalismo.


O rei não era de levar desaforo pra casa

'Eu Sou Terrível'
O disco só tem música boa, entre elas "Eu Sou Terrível", "Como É Grande O Meu Amor Por Você" "Quando", e "Por Isso Corro Demais". O instrumental ficou a cargo de Renato e Seus Blue Caps e, claro, o genial tecladista Lafayette, um dos sujeitos mais inovadores do pop brazuca. É dele o cravo da faixa “E Por Isso Estou Aqui”, uma das canções mais lindas já feitas em terras tupiniquins.

'Em Ritmo de Aventura' marca também o fim de uma era. No ano seguinte, viria o Tropicalismo e os Mutantes com discos que colocariam o rock nacional num outro patamar. Roberto, que não era besta, caiu fora da Jovem Guarda, passou uma temporada na Europa, deixou o bigode crescer e deu início a sua fase 'adulta' com muito suingue e romantismo melancólico.

Mas antes foi responsável por pelo menos uma obra-prima daquela época: 'Em Ritmo de Aventura'. Parabéns pra ele!!!!!!





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