Fotos: Funhouse/divulgação
Nas últimas semanas, duas casas importantes do underground de São Paulo anunciaram o encerramento de suas atividades. No final de semana foi
o Submundo 177, espaço que funcionava de uma forma muito original num hostel na
Vila Mariana.
O local chegou a promover uma crowfunding para tentar
pagar parte da dívida com o proprietário do imóvel onde ficava o bar/hotel, mas
não obteve êxito. O jeito foi fechar as portas.
No final do mês, será a vez de um dos bares mais
tradicionais da região do chamado Baixo Augusta chegar ao fim: a Funhouse. O
sobradinho, como também é conhecido, não funciona exatamente na rua Augusta,
mas no quarteirão acima, na Bela Cintra.
Casas de massagens
Porém, a Funhouse foi pioneira em se estabelecer numa
região degradada que conseguiu se revitalizar graças a presença de bares e
casas de shows. Até o final dos anos 1990, a rua Augusta, no sentido Av. Paulista-Centro,
era um antro de prostituição, drogas e casas de massagens.
O cantor, compositor e escritor Nick Cave, que chegou a
viver em SP, retratou poeticamente a região naqueles tempos decadentes neste
clipe aqui:
Gourmetização
Na década seguinte, graças a casas como a Funhouse, o
Studio SP, o Inferno, o Vegas e o Outs, a garotada mais antenada começou a frequentar aquela região e ajudou a
revitalizar o Baixo Augusta (que hj tem até bloco de carnaval).
Mas com toda essa efervescência, a boa e velha lei de
mercado deu as caras na forma de especulação imobiliária. Os alugueis de velhos
pulgueiros foram às alturas e os donos das casas menos privilegiadas começaram
a entregar os imóveis.
Junte isso à crise que assola o País, a Lei do Psiu e
tudo mais que assombra os empresários da noite e tem se o fechamento dos locais
mais bacanas da noite paulistana.
Hoje, quem passa pelo Baixo Augusta vê uma região
dominada por prédios em construção e empreendimentos de alto padrão que tempos
atrás eram inimagináveis naquele pedaço. Ou seja, a rua Augusta foi gourmetizada!!!!
Baladas
Ironicamente, a Funhouse parecia sobreviver a tudo isso.
Passou a investir em baladas movidas a DJs e festas temáticas e, para os padrões
do underground, quebrava um recorde comemorando inacreditáveis 15 anos!
Porém, o seu fim e de várias outras pequenas casas nos
últimos anos pode indicar que o sonho daquela São Paulo diversa, antenada e
multicultural não passa disso mesmo: um sonho que de tempos em tempos renasce e
desaparece com a mesma rapidez.
Por isso, muito respeito aos empreendedores que, contra
todas as adversidades, resistem no underground nacional. A luta continua!
Foto: Ingrid Evangelista/AJN
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