quinta-feira, 27 de julho de 2017

Ney e a juventude lacradora



                                       
Amigos, não tem mais jeito. O politicamente correto invadiu de vez as artes nacionais e não quer arredar o pé de jeito nenhum. Se você não está lacrando, desconstruindo ou empoderando, está mais por fora do que tanga de índio.

Tudo bem, no país do Jair Bolsonaro em que se mata gays, mulheres, negros e pobres de uma maneira sistemática, ter um posicionamento socialmente engajado é mais do que bem vindo. É necessário! O duro é quando a militância invade o terreno criativo e vai em direção ao marketing cara-de-pau. 

O mais novo 'babado' é que, dia desses, como uma espécie de patrulheiro 'lacrador', o cantor e compositor brega-glitter Johnny Hooker apareceu na imprensa criticando Ney Matogrosso porque o ex-Secos & Molhados não é de ficar levantando bandeiras ou porta-estandartes quando o assunto é: “quem eu levo pra cama”. 


                                           
Milicos
Bom, primeiro porque Ney não tem que provar nada pra ninguém, pois décadas atrás, o sujeito já se pintava e rebolava na cara dos milicos sem o menor constrangimento. O fato dele simplesmente respirar, já é um ato subversivo. Como grande artista que é, o único gênero que realmente lhe interessa é o gênero humano.  

Mas o que mais me deixou admirado foi uma outra entrevista em que Seu Jorge, o rei dos fanfarrões, reclamou do racismo e preconceito inerentes ao rock. Morri de rir, ainda mais sabendo que o cantor e compositor carioca está nesse momento, percorrendo o mundo cantando músicas de DAVID BOWIE. 

O pior é que tem gente que abraça essas marmeladas de coração aberto. Outros usam pra faturar mesmo. O mercado é cruel, então nada como encontrar um nicho e tentar usá-lo da melhor e mais duradoura maneira possível. 

Malabarismo
Hoje, criticar ou opinar sobre determinado tipo de manifestação cultural, se tornou um verdadeiro malabarismo conceitual. Ter observações meramente estéticas sobre o funk ostentação, sobre o disco de algum artista LGBT ou sobre o livro da Rita Lee, é um desafio, porque você pode ser acusado de ser um nazistinha pernóstico. 

Mas reduzir a criação artística a militância – seja política, sexual ou  religiosa – é algo muito perigoso. No meu caso, quando alguma discussão dessas descamba para um tratado sócio-antropológico, costumo encerrar a conversa com a famosa
frase de um francês: cada um com o seu mau gosto!



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